A derrota pesada do FC Porto frente ao Benfica (1-4) gerou ondas de choque no clube, culminando na decisão de André Villas-Boas de prolongar o estágio da equipa. A medida, no entanto, não foi bem recebida por todos, com vozes críticas a levantarem-se contra o que consideram ser um castigo excessivo.
O ambiente no Dragão é de apreensão, com a contestação a aumentar face aos resultados menos conseguidos da equipa. A decisão de prolongar o estágio, vista por alguns como uma tentativa de unir o grupo, é encarada por outros como um erro que poderá agravar ainda mais a situação.
Críticas à Decisão de Villas-Boas
Rui Quinta, antigo adjunto dos dragões, discorda da decisão, afirmando: “Pode ser um chamar de atenção, mas o melhor, naquela altura, era desaparecem todos dali, cada um para o seu espaço para sarar as feridas e voltarmos minimamente aliviados. Temos pouco para dizer uns aos outros, não temos de dizer nada nestes jogos. Sabemos o que cada um está a sentir. Para mim, era precisamente o contrário, até dava dois dias de folga para limparem a cabeça e voltarmos sedentos, revoltados e tornar isso em algo que acrescento. Às vezes, é preciso tomar decisões que não são tão populares, agora vamos ver o impacto que tem. Os jogadores precisam de estar com a sua família no fim do jogo. De estar no seu espaço, para se tranquilizarem, desabafarem e para cortar. Cortar com o ambiente de revolta. Para mim, é preciso ter esta coragem de quebrar. A nossa família dá-nos conforto, aconchego, carinho e isso dilui a mágoa. Se quisermos prolongar a dor e fazer justiça, então a medida terá impacto. Depois, veremos quanto tempo demorará a diluir e se será benéfico”.
Manuel José também não poupou críticas à decisão da nova direção: “Parece que cometeram um crime. Quem devia ir para estágio era a Direção e não os jogadores”, defendeu, em declarações à Renascença.
O Pior FC Porto de Sempre?
O antigo treinador portista foi ainda mais longe nas suas críticas, apontando o dedo à qualidade do plantel: “Tenho 64 anos de futebol e este é o pior FC Porto de que eu me lembro. Ainda por cima, transferiram - que isto agora só se fala de vendas e compras, parece que estão a comprar gado - talvez os dois melhores jogadores, tirando o guarda-redes [Diogo Costa]. Esta é uma equipa que não honra o passado que o FC Porto tem. E os portistas não se podem queixar, porque isso foi a herança que Pinto da Costa deixou”, rematou Manuel José.
Apelo à Confiança no Projeto
Rui Quinta, por seu lado, apela à manutenção da confiança no projeto, apesar do desaire: “O peso de ter de ser campeão não se compra, constrói-se. E acho que esse peso atrofiou muitos desempenhos. O FC Porto ainda pode ganhar esta época a consolidação do que quer. Não sei se os jogadores ficam ou não. O que importa é o que se está a construir. Se o propósito for esse, há muito a ganhar”, concluiu.
Resta saber se a decisão de prolongar o estágio terá o efeito desejado, ou se, como defendem os críticos, seria preferível dar espaço aos jogadores para sarar as feridas e regressar com renovadas energias.