Pepa: Da estreia fulgurante ao peso da expectativa

  1. Fiz um golo na estreia pelo Benfica, a 23 de janeiro de 1999, numa vitória por 3-1 frente ao Rio Ave
  2. Criou-se uma expectativa alta demais no início da carreira
  3. O Benfica, como o Corinthians ou o Flamengo aqui no Brasil, vende muito e quando aparece um jogador da formação na equipa principal, ainda por cima ponta de lança, que fazia muito golos nas camadas jovens, e marca logo na estreia, a imprensa naturalmente começa a dizer 'está aqui o novo Eusébio', o que é ridículo
  4. Eu não tinha estrutura para suportar esse tipo de mediatismo

Início de sonho marcado por expectativas exageradas

Pepa teve um início de carreira profissional como jogador que parecia ser de sonho: “Fiz um golo na estreia pelo Benfica, a 23 de janeiro de 1999, numa vitória por 3-1 frente ao Rio Ave, após substituir Nuno Gomes, com o escocês Graeme Souness no banco. Esse golo acabou por moldar a carreira do então jovem de 18 anos.” No entanto, esse momento mágico acabou por criar uma grande ilusão: “Criou-se uma expectativa alta demais no início da carreira”, afirma Pepa.

O peso da mediatização prematura

“O Benfica, como o Corinthians ou o Flamengo aqui no Brasil, vende muito e quando aparece um jogador da formação na equipa principal, ainda por cima ponta de lança, que fazia muito golos nas camadas jovens, e marca logo na estreia, a imprensa naturalmente começa a dizer 'está aqui o novo Eusébio', o que é ridículo, não é?” Pepa reconhece que não tinha a estrutura mental necessária para lidar com esse tipo de mediatismo: “E eu não tinha estrutura para suportar esse tipo de mediatismo. Iludi-me ali um pouco, não havia psicólogo no Benfica na altura, não estou a responsabilizar o clube, atenção, mas não havia ninguém para me dizer 'calma aí, rapaz', como sou filho de pais separados, eles confiavam tanto em mim, também não tinha aquela estrutura familiar ideal, até porque saí de casa com 12 anos...”

Profissionalismo apesar das adversidades

Apesar disso, Pepa recusa a ideia de que possa ter sido um mau profissional: “Eu estive ali seis meses, mais ou menos, iludido mas antes e depois daquele golo eu fui um profissional exemplar, caso contrário não tinha chegado às seleções e à equipa principal do Benfica, os meus amigos iam para os bares, para os restaurantes, e eu não ia porque tinha jogo... Ser jogador é uma vida fantástica mas temos de abdicar de algumas coisas...” No entanto, as lesões acabaram por marcar a sua carreira. “Depois quando comecei a levar o futebol mais a sério começaram as lesões, talvez já fosse tarde”, conclui Pepa. Hoje, como treinador do Sport Recife, Pepa procura transmitir essas lições aos seus jogadores. “Eu conto tudo isso, com a experiência na primeira pessoa, aos jogadores, que num dia estás a começar a carreira e no outro estás a acabar e que, para se manterem no auge muito tempo, é preciso ter uma estrutura mental muito forte e é preciso fazer muitas escolhas.” Apesar de estar feliz no Brasil, Pepa não esconde que a possibilidade de um dia regressar a Portugal está sempre presente: “Se a médio prazo sonho em trabalhar em Portugal? Sim... mas por causa da família.” Entretanto, o técnico está focado em cumprir os objetivos do Sport Recife, incluindo a possibilidade de disputar uma prova internacional.

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