Da mochila à estrela
Há pouco mais de nove anos, Raphinha chegava a Portugal com uma mochila cheia de esperança. Dentro dela trazia apenas um par de chuteiras e muita ambição, mas o seu perfil e atitude rapidamente o distinguiram da maioria dos jogadores. Transferido do Avaí para o Vitória de Guimarães em 2013, o jovem extremo foi encarado com algum ceticismo pelos seus companheiros na altura. «Para mim e a maioria dos jogadores era um completo desconhecido. Vinha do Brasil e era visto como um jogador normal que tinha chegado ao futebol nacional», recorda Ricardo Carvalho, que na época reforçou a equipa B dos minhotos.
A entrega incansável nos treinos
Mas rapidamente Raphinha desmontou essas dúvidas com o seu trabalho e entrega incansáveis nos treinos. «Queria muito aprender, era incansável nos treinos... Tinha uma grande intensidade», sublinha Vítor Campelos, treinador da equipa B do Vitória na temporada 2015/2016. Apesar de precisar de melhorar alguns aspetos táticos, Campelos destaca as qualidades inatas do agora capitão do Barcelona: «Era muito rápido, foi dos jogadores mais eficazes com quem trabalhei, fosse no um contra um, fosse na cara do guarda-redes... Tinha uma eficácia muito elevada.»
Ambição e perseverança
Essa entrega e ambição impressionaram também Ricardo Carvalho: «Sempre rasgadinho, sempre com a raça toda e quando aparece um jogador assim, ainda para mais numa equipa B, surpreende ainda mais. Lembro-me da atitude dele, da raça, da vontade de triunfar... Era um jogador que dava sempre tudo.» Apesar da sua aparência física «magrinha», Carvalho deixa claro que Raphinha não era fácil de parar: «Não era fácil de marcar, pois ele pode ser magrinho, mas não é um magrinho que cai facilmente. É um falso magrinho, pois tem a fibra toda, tem a raça toda e a qualidade do pé esquerdo continua a ser melhor.»