Durante o julgamento do criador do Football Leaks, Rui Pinto, o diretor de tecnologia do Benfica em 2017, José Ribeiro, confirmou que o sistema informático do clube foi alvo de acessos indevidos em horas noturnas, com origem em países estrangeiros, pouco antes de informações confidenciais serem divulgadas no Porto Canal e no blogue Mercado Benfica.
Segundo Ribeiro, foram identificados acessos a diversos ficheiros internos de dados do Benfica, bem como campanhas de phishing. O responsável de tecnologia explicou que os acessos foram realizados através de contas com privilégios de administrador, por alguém com conhecimento informático acima da média, e que não houve uma recolha seletiva de informações, mas sim uma recolha indiscriminada de dados.
Contas de figuras importantes acedidas
Entre as contas profissionais acedidas indevidamente estavam as de figuras importantes do Benfica, como o atual presidente Rui Costa, o antigo líder Luís Filipe Vieira e o administrador da Benfica SAD na época, Domingos Soares de Oliveira. Contudo, Ribeiro garantiu que os utilizadores das cerca de 1.400 contas do domínio 'slbenfica.pt' não se aperceberam destes acessos indevidos.
Após a deteção destes acessos ilegais, em meados de 2017, o Benfica realizou várias diligências para reforçar a segurança do seu sistema informático.
Rui Pinto acusado de 241 crimes
Rui Pinto responde atualmente em julgamento por um total de 241 crimes, incluindo 201 de acesso ilegítimo qualificado, 22 de violação de correspondência agravados e 18 de dano informático. Além do Benfica, o hacker também é acusado de visar outros clubes, a Liga, empresas, sociedades de advogados, juízes, procuradores, a Autoridade Tributária e a Rede Nacional de Segurança Interna.
Apesar de ter sido pronunciado para julgamento por 241 crimes, Rui Pinto viu 134 crimes de violação de correspondência serem amnistiados, com base numa lei aprovada em 2023 durante as Jornadas Mundiais da Juventude, uma vez que esses crimes teriam sido cometidos antes de completar 30 anos.
Em setembro de 2023, Rui Pinto foi condenado a quatro anos de prisão com pena suspensa, por crimes de extorsão na forma tentada, violação de correspondência agravado e acesso ilegítimo. Já em novembro desse ano, foi também condenado a seis meses de prisão em França, com pena suspensa, por aceder ilegalmente a emails do Paris Saint-Germain.