O legado inovador de Manuel Sérgio

  1. Belenense de gema, Sérgio foi um pensador emérito que, sem complexos, agregou o futebol à filosofia
  2. A sua inovação já fez escola e a sua mensagem perdurará
  3. Sérgio rasgou novos padrões de pensamento a Jorge Jesus, que por sua vez lhe proporcionou a experiência prática
  4. Manuel Sérgio deve ficar como exemplo de alguém que juntou dois mundos e colocou a nu a falta de dimensão de quem teimou em não perceber o desporto

A partida de Manuel Sérgio marca o fim de um ciclo, mas a sua inovadora visão sobre a relação entre academia e desporto perdurará. Belenense de gema, Sérgio foi um pensador emérito que, sem complexos, agregou o futebol à filosofia, desafiando uma certa intelectualidade que procurava menorizar o desporto.

Amigo de longa data do jornal A BOLA, Sérgio concedeu a sua última entrevista televisiva ao histórico diretor Vítor Serpa. Foi através das páginas do jornal e do site que Sérgio fez chegar às massas muito do seu pensamento arejado, que se manteve até ao fim.

Um ciclo que se encerra, uma mensagem que perdura

Poder-se-ia dizer que com Sérgio se encerra um ciclo, mas isso seria mentira. A sua inovação já fez escola e a sua mensagem perdurará. Ficará para a história a parceria com Jorge Jesus, um académico que antes de o ser soube subir a pulso a corda da vida, e um empírico que mostrou ser muito mais do que aparentava. Sérgio rasgou novos padrões de pensamento a Jesus, que por sua vez lhe proporcionou a experiência prática que tanto falta a quem se especializa em teorizar.

Um legado para a memória coletiva

Belenense dos quatro costados, Manuel Sérgio deve ficar como exemplo de alguém que juntou dois mundos e colocou a nu a falta de dimensão de quem teimou em não perceber o desporto como um dos principais fenómenos sociais dos últimos 150 anos.

Sem Sérgio, sentir-nos-emos mais pobres. Mas o legado que nos deixa perpetuá-lo-á na nossa memória coletiva como alguém que viu, percebeu e teve a coragem de assumir que a comunhão entre academia e desporto, entre mente e corpo, são inevitáveis, irrecusáveis e inatacáveis. Com Manuel Sérgio, a doutrina aumentou e a jurisprudência evoluiu.