Numa altura em que a atividade no futebol profissional diminui, há mais tempo para investir noutras modalidades e observar as tendências internacionais. A notícia que mais entusiasmou Vasco Mendonça, jornalista especializado, pareceu chocar muitos patriotas, mas foi a que mais esperança lhe deu.
Jogadores recusam representar a Inglaterra
Nove jogadores convocados para a seleção de Inglaterra, numa pausa do futebol de clubes - que para os atletas é tudo menos uma pausa - anunciaram que não estariam disponíveis para os dois jogos decisivos da Liga das Nações. Os atletas alegaram razões pouco claras, preparando-se para lidar com a reputação temporária de serem trabalhadores menos esforçados ou patriotas falhados.
Este texto não é uma defesa da preguiça, nem um desabafo contra o patriotismo, ainda que a preguiça seja um atributo injustiçado e o patriotismo por vezes exagerado, explica Vasco Mendonça. Parece-me pertinente que os principais atletas assumam a sua vontade sem se sacrificarem como participantes de um Hunger Games futebolístico, preferindo cuidar da sua disponibilidade física e mental para jogos importantes na Premier League e Liga dos Campeões.
Crítica à Liga das Nações
Mendonça questiona o valor da Liga das Nações, um carrossel de jogos de futebol maioritariamente intragáveis, que sobrevivem à conta da necessidade da imprensa em ter algo para acompanhar e das apostas desportivas, que seguramente encontram nestes jogos material para dar lucro. O autor lembra que a seleção de Inglaterra chegou à final do último Campeonato da Europa, algo que, para ele, é uma medida do absurdo.
Em suma, o meu espanto é que não tenham sido mais de nove atletas a boicotar a convocatória para a seleção inglesa. Mas lá chegaremos, inevitavelmente. É bom que os atletas, em especial os melhores, vão lembrando seleções e clubes de que o futebol não é o mesmo sem eles, conclui Mendonça.
Crítica aos jogadores do Benfica
O autor aproveita ainda para criticar o desempenho dos jogadores do Benfica ao serviço das respetivas seleções nacionais, referindo que exceção feita a um talento absolutamente excecional — Enzo Fernández — tenho alguma dificuldade em perceber a valorização dos atletas do Benfica, enquanto representam o clube, ao serviço das seleções nacionais.
Mendonça reconhece que o seu texto se aproxima do ilícito criminal no que diz respeito ao consenso em torno da Seleção Nacional, mas afirma estar disponível para morrer sozinho nesta colina. O autor lamenta que poucas coisas me entusiasmam menos no futebol em 2024 do que saber quem são os possíveis adversários de Portugal nos quartos de final da Liga das Nações, acrescentando que a melhor campanha de marketing para promover esta competição seria é o que há para ver enquanto o Benfica não volta.