Simeonismo e as críticas ao treinador do FC Porto

  1. O mérito de Bruno Lage em arrumar a casa do Benfica só é comparável ao demérito de Roger Schmidt em manter a anarquia no Atlético de Madrid
  2. Diego Simeone tem escassos resultados para tantos anos no clube e as fortunas gastas em reforços a cada nova época
  3. Vítor Bruno pegou numa equipa amputada de pedras essenciais e agarrou-se ao que tinha para um arranque de época de grande risco
  4. Vítor Bruno fez das tripas coração, de Galeno lateral e de Namaso titular, deu espaço a Martim e Vasco Sousa, e acrescentou uma Supertaça ao museu

Ao longo dos últimos meses, tem-se ouvido e lido que «o problema não é só o treinador». De facto, em futebol, quando o treinador é um problema, não há alternativa a removê-lo, e quanto mais cedo, melhor. O mérito de Bruno Lage em arrumar a casa do Benfica só é comparável ao demérito de Roger Schmidt em manter a anarquia no Atlético de Madrid.

O Atlético de Madrid e o caso Simeone


O Atlético de Madrid tem não apenas o treinador mais caro do mundo, como, por consequência, o mais sobrevalorizado que se conhece. Diego Simeone tem escassos resultados para tantos anos no clube e as fortunas gastas em reforços a cada nova época. A fraca qualidade de jogo é, há muito, uma evidência, mas ter-se tornado uma espécie de anti-Guardiola - bandeira de um jogar dito "intenso" e transformador de (bons) artistas em (pobres) operários - garante-lhe sempre, e particularmente em Portugal, uma falange de apoio. Não lhe garante, no entanto, muito mais do que isso.

As críticas a Vítor Bruno


Criticar Simeone não desmerece em nada a noite europeia perfeita do Benfica, na enésima prova de que só um coletivo competente permite o conforto individual em que se afirma o talento. Como parecem tão melhores Florentino, Kokçu ou Carreras, entre outros, e é a Lage que isso se deve. Exatamente do mesmo modo, criticar Ten Hag e a assombração em que transformou a equipa do Manchester United não menoriza o bom que o FC Porto apresentou, mesmo com a entrada em falso e o final infeliz.


Confessa-se, no contexto atual, dificuldade em entender as críticas a Vítor Bruno, algumas sugerindo até que não é treinador para o FC Porto. Pegou numa equipa amputada de pedras essenciais (Pepe, Taremi, Evanilson, Francisco Conceição, Wendel por motivo diferente) e agarrou-se ao que tinha para um arranque de época de grande risco. Fez das tripas coração, de Galeno lateral e de Namaso titular, deu espaço a Martim e Vasco Sousa, e acrescentou uma Supertaça ao museu. Entretanto, integrou os reforços tardios – Nehuén, Moura, Samu – com coerência e aumento do potencial ofensivo.

O futuro de Vítor Bruno


Não, não fez tudo bem, errou na escolha do onze em Bodo e fez substituições excessivamente defensivas no jogo com o United, levando a um desnecessário recuo da equipa. O futuro pode vir a desmentir-se, mas não parece que o presente autorize ver no treinador o problema do FC Porto. Ou sequer… um problema.

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