A recente entrevista de Luís Filipe Vieira, antigo presidente do Benfica, à CMTV, só veio reforçar a necessidade do futebol português se libertar de certos vícios do passado. Durante a entrevista, Vieira utilizou repetidamente o termo «mano», criando a sensação de que, no seu «planeta dos manos», ele se coloca acima do Benfica.
O jornalista Pascoal Sousa, autor da coluna semanal «Estádio do Bolhão», considera que Vieira não foi bem aconselhado ao expor-se dessa forma, numa altura em que o Benfica atravessava um período de fragilidade. «Verdade seja dita, Vieira não escondeu o seu posicionamento: acima do Benfica, está ele», escreve Sousa.
Uma oportunidade de modernização
Com a eleição de André Villas-Boas no FC Porto e a consolidação da liderança de Frederico Varandas no Sporting, bem como a presença de Alexandrina Cruz na presidência do Rio Ave, o futebol português tem a oportunidade de se afastar das práticas do século XX e adotar uma visão mais moderna e orientada para o presente.
Sousa defende que o presente do futebol português deve passar por «as famílias nos estádios, as claques registadas e controladas, os sócios que pagam as quotas recompensados pela sua fidelidade, os treinadores falarem mais de futebol e menos de arbitragens, a comunicação dos clubes ser mais livre e fluida». Estas são as prioridades, em oposição ao «planeta dos manos» de Vieira.
Práticas do passado vs. modernidade
O jornalista conclui que a rima improvisada, típica da cultura hip-hop, é «muito mais genuína que a intervenção de certos ex-dirigentes de que o futebol português não pode ter saudades».
É crucial que o futebol português aproveite esta oportunidade para se afastar de certas práticas do passado e adote uma abordagem mais moderna, focada no envolvimento das famílias, no controlo das claques e na valorização dos adeptos fiéis. Só assim poderá progredir e acompanhar as evoluções do futebol a nível internacional.